quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mochilando na Europa

Aqui vai a matéria que escrevi pra Revista UMA, da Editora Símbolo. Ela foi publicada na edição de Abril/2010 junto com essas fotos tbm de minha autoria:


     Ir a Europa ainda é um sonho distante pra muita gente. Crise econômica, cotação do euro e os altos preços das agências de viagem são os principais impedimentos.
    Já sonhou em chegar bem pertinho da torre Eiffel? Passear de gôndola pelos canais de Veneza? Ou conhecer os mais importantes museus e obras de arte do mundo ocidental? Acredite, é possível e mais barato do que você pensa!
     Com pouco dinheiro, planejamento, disposição e os sites certos, dá pra fazer uma viagem independente e inesquecível: o famoso mochilão.


British Tower Bridge, Londres.


Fontana di Trevi, Roma, Itália.


Por onde começar?
   Pesquise, pesquise, pesquise.
   Há muitos blogs e sites com informações sobre as principais cidades, pontos turísticos e relatos de quem já foi. Fuce, descubra, leia, veja as fotos e escolha aquilo que quer conhecer.
   Os primeiros passos devem ser: traçar o roteiro, enumerar as cidades, e, a partir dos lugares que vai visitar, estabelecer o tempo pra cada uma. Claro, a data da viagem inclui pesquisar a época do ano e clima local. Um bom roteiro para o primeiro mochilão seria: Porto, Lisboa, Madrid, Barcelona, Roma, Florença, Veneza, Paris e Londres.
   A alta temporada na Europa é em julho e agosto, verão; portanto, viajar de dezembro a fevereiro (inverno europeu) torna tudo mais barato.
   Como o ideal é fazer todas as reservas de passagens e hospedagens com no mínimo três meses de antecedência, o planejamento deve começar, pelo menos, seis meses antes.
   É possível fazer a cotação das passagens de ida e volta para o Brasil através de sites como: www.rapi10.com.br, www.decolar.com, www.submarinoviagens.com.br. Mas, na hora da compra, que pode ser feita on-line com cartão de crédito, acessar o site da própria companhia é a melhor pedida. Muitas empresas aéreas têm o sistema multicidades. Isso permite que a passagem seja comprada com ida pra um determinado país e volta por outro poupando tempo e dinheiro.

Estádio Olímpico de Barcelona.


Principais companhias aéreas européias

Espanha – Ibéria

Portugal – Tap

Holanda – KLM

Itália – Alitalia

França – Air France

Mosteiro dos Jerônimos, Belém, Portugal


Desbravando o velho continente
   Escolhida a companhia para o vôo de ida e volta, é hora de pensar em se locomover dentro da Europa.
   As companhias aéreas low cost (http://www.ryanair.com/, http://www.easyjet.com/, http://www.vueling.com/) fazem vôos internos a preços inacreditáveis pra maioria das cidades. Algumas promoções oferecem trechos entre países por 5€. Mas atenção há restrições: a antecedência da compra, aeroportos distantes, tamanho e peso da bagagem, que na maioria das vezes é de cerca de 15 Kg.
   Pra quem não gosta de aeroportos, não quer ficar preso às condições de bagagem e nem às duas horas de antecedência do check in, há a possibilidade de viajar por toda a Europa de trem. Pode ser com um passe único (http://www.raileurope.com/), válido por vários dias e países, que requer, em alguns casos, pagamento extra de reserva de assento. Ou com passes avulsos.. É possível viajar no famoso Eurostar, entre Paris e Londres, que passa sob o canal da mancha, por aproximadamente 35€ na segunda classe. Os bilhetes podem ser comprados na hora, com o risco de pagar mais caro, ou não encontrar lugares e horários.
Entre no sites: www.trenitalia.it, www.eurostar.com, www.renfe.es, www.thalys.com, simule datas e horários à vontade, procure promoções até encontrar o melhor preço.





Torre de Pisa, Pisa, Itália.


Onde ficar?
   Albergues ou hostels são um tipo de hospedagem de baixo custo muito comum na Europa e pouco conhecida no Brasil. São hotéis que têm melhores preços porque oferecem camas em quartos compartilhados com outras pessoas. Assim, reserva-se a cama e não o quarto. Não pense que é uma bagunça, são boas instalações, limpas, organizadas e seguras. A maioria dos freqüentadores são mochileiros ávidos por conhecer novos lugares e culturas, que abrem mão da privacidade pelo preço. Mesmo nos lugares seguros, mantenha sempre sua mala trancada e leve um cadeado a mais, os hostels costumam ter armários que podem ser trancados.
   Nos sites dá pra selecionar e reservar com facilidade e segurança, conferindo as especificidades de cada hostel. No ato reserva é cobrado 10% do valor total, o resto é pago na chegada. Alguns oferecem quartos privativos para 1, 2 ou 4 pessoas, além de quartos compartilhados apenas por mulheres. Café da manhã, secador de cabelo, cozinha, lavanderia, toalhas, lençóis, bar, restaurante e internet são serviços oferecidos que podem, ou não, estar inclusos na diária. Informações sobre localização, segurança, limpeza, atendimento, diversão, são postados por hóspedes que gostaram (ou não!) do lugar. Todos recebem classificação de 0 a 100%, por isso, fique atenta e procure o que oferece o melhor custo benefício para o seu perfil.
   Além de vivenciar uma nova maneira de se hospedar, é uma grande oportunidade de conhecer gente do mundo todo, tudo por um precinho camarada. Em Barcelona, pode-se encontrar hostels conceituados, com lençóis e toalhas incluídos, a partir de 10€ a diária. Incrível? Confira: http://www.hostelworld.com/, www.hostelsclub.com, www.hihostels.com.
   Se ainda assim preferir um hotel, aproveite promoções de redes como: ETAP, IBIS, EasyHotel ou
 Formule 1.

Um dos muitos canais de Veneza, Itália.


Pasta, cassoulet, eggs, bacalhau?
   Os supermercados oferecem grande variedade de alimentos que podem ser preparados no hostel. Ainda assim, reserve uma grana pra provar um prato típico em cada cidade. Saborear um menu completo em Roma – entrada, prato principal, sobremesa e vinho da casa – custa, em média, 15€. Uma bela paella em Madrid, 6€. Em Paris, nos restaurantes universitários a refeição sai por 3€. Veja os endereços: http://www.crous-paris.fr/. Fuja dos restaurantes turísticos que, muitas vezes, cobram o triplo do preço.


Vista do mar a partir do Mont Saint Michel, litoral francês.



Fazendo as malas, ou melhor, a mala.
   Fazer as malas é sempre um assunto polêmico pras mulheres, ainda mais quando envolve muitos dias e pouca roupa.
   Leve produtos de higiene e beleza suficientes pra toda a viagem, pois há o risco de não encontrar a mesma marca, produto ou preço. Medicamentos de uso contínuo, ou controlados, devem ser acompanhados de receita médica, os outros não. Confira orientações da Anvisa: www.anvisa.gov.br/viajantes
   Mochilão sugere mochila, algumas são específicas pra mulheres, com alças confortáveis e reguláveis, mas há quem prefira mala de rodinhas, por isso pense na praticidade e conforto.
   Decidiu? É hora de pensar no conteúdo. Leve o mínimo possível, já que dá pra lavar as roupas durante a viagem e cada peça a mais significa peso a mais. Prefira roupas que combinem entre si e abuse de acessórios, pois ocupam pouco espaço e renovam o visual. No inverno, dois casacos, duas botas, blusas de lã ou fleece e calça jeans dão conta do recado, o resto fica por conta de cachecóis e toucas variados. Assim não fica a impressão de usar a mesma roupa todo dia. Se for viajar em agosto ou janeiro, há mais um motivo pra levar pouca coisa: as grandes liquidações.



Castelo dos Mouros, Sintra, Portugal



Rebajas, soldes, sales, saldi

   Janeiro e agosto são os meses ideais para as compras pois acontece a troca das coleções. Na espanhola H&M, por exemplo, em janeiro, é possível comprar um casaco de inverno bem bacana por 40€. Mas não pense que tudo estará a preço de banana, há preços pra todos os gostos e bolsos. Há desde lojas de grifes internacionais até lojas populares e brechós.
   Em todos os paises há lojas de souvenirs. Pechinche e procure as mais afastadas dos pontos turísticos. Nos arredores da Torre Eiffel, ambulantes vendem chaveirinhos, miniaturas e enfeites. Negociando, dá pra levar 5 chaveiros por 1€, enquanto na loja oficial da torre um só custa 3€.



Torre de Belém, Belém, Portugal

A barreira da língua
   Com um inglês básico dá pra se comunicar bem. As principais atrações, restaurantes e lojas têm informações em vários idiomas. Um mini guia de expressões básicas de cada país, pode ajudar. Na comunidade virtual Live Mocha, é possível aprender de graça a falar, compreender, escrever e ler em vários idiomas, acesse: www.livemocha.com.



Cais da Estiva, Porto, Portugal.



Documentação e imigração
   Os turistas brasileiros não precisam de visto pra permanência inferior a 90 dias.
   É necessário passaporte com validade de, no mínimo, 6 meses e seguro saúde com cobertura de 30 mil euros. Alguns cartões de crédito oferecem o seguro de graça, consulte o seu. Segurados do INSS têm direito ao seguro gratuito, chama-se CDAM (www.sna.saude.gov.br/cdam), mas é aceito somente por alguns países.
   A imigração dá um friozinho na barriga. O oficial pode perguntar o motivo da viagem, local de estadia, quantidade de dinheiro e cartão de credito. Na Espanha, por exemplo, recomenda-se dispor de 60€ por dia, somando dinheiro em espécie e limite do cartão. Mas com a documentação em dia, reservas e passagem de volta com data definida, não há o que temer. Se quiser, leve matrícula da universidade, declaração do trabalho, ou outros documentos que comprovem vínculos no Brasil.



A casa Batló, de Gaudí, em Barcelona.


Las monedas
   Com 50€ por dia, em média, dá pra pagar estadia, comida, entradas nas principais atrações e ainda comprar uma ou outra lembrancinha. Quem tem carteira de estudante ou é menor de 25 ou 26 anos, depende do país, conta com descontos nos monumentos e museus. Em muitas cidades há um tipo de passe que serve para várias atrações. Em Paris o museum-pass é válido por 2,4 ou 6 dias e dá direito a visitas ilimitadas em todos os museus nacionais, inclusive o Louvre. Para o transporte público há uma opção similar. Use o cartão de crédito pra eventualidades, compras extras e promoções imperdíveis (sabe aquele perfume importado que é caríssimo aqui e você sempre quis ter?).
   Com tudo pronto é só fazer a contagem regressiva para o embarque e aproveitar cada minuto sem perder nenhum detalhe. Lembre-se: o número de fotos será proporcional ao número de histórias inesquecíveis!

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